27/12/2024
SÍNDROME DE FIM DE ANO O fim de mais um ciclo, ao lado das tradicionais festas de fim de ano, pode desencadear sentimentos de ansiedade, melancolia e até quadros de depressão e insônia em pessoas mais sensíveis. Isso tem até um nome... “A síndrome de fim de ano, ou a dezembrite, é um diagnóstico popular que não é formalmente codificado pela psiquiatria nem pela psicologia, mas é uma forma simples de nomearmos um sofrimento recorrente, que afeta várias famílias nesse período do ano”, explica o psicanalista Christian Dunker.
ENFIANDO O PÉ NA JACA
Invariavelmente, durante o Natal cometemos todos os excessos que a ocasião permite. Foi o bacalhau, o peru, o leitão, o creme de leite, a torta, o bolo com chantilly, o salpicão, o espumante, a cerveja etc... Um sem fim de comida, bebidas e iguarias! Mas ainda não acabou, o Ano Novo está à porta e pede uma comemoração à altura!
A ANTÍTESE DO NATAL Um Natal inventado a partir de uma sociedade onde o consumo desenfreado é sinônimo de felicidade, de conquista e onde o sistema se mantém sobre cada cidadão - cristão ou não - aportar parte de seu salário para que a máquina capitalista continue a funcionar. E a figura icônica do "Papai Noel Coca-Cola" se sobrepõe à do aniversariante, o menino Jesus de Nazaré.
TRANSGRESSÃO E REINVENÇÃO
Por séculos, a festa era também um momento de transgressão e uma oportunidade de inversão das relações sociais. Essa transgressão chegou a tal ponto que parte da sociedade passou a exigir uma reinvenção do Natal, com vozes como Benjamin Franklin pedindo celebrações mais moderadas.
Uma nova invenção do Natal ocorre com transformação econômica e social do século 18, acompanhada pelo princípio da propriedade privada e uma burguesia que, para se diferenciar da aristocracia e dos trabalhadores, inventa suas tradições para colocar nas vitrines da sociedade seus valores.
ANTERIORMENTE ERA A PÁSCOA
Para os primeiros cristãos, não era o nascimento do filho de Deus que funcionava como pilar da nova religião. Mas sua crucificação. Ou seja, a Páscoa. Lá, nos idos do século III, que o imperador romano decide que faria sentido comemorar o Natal , em 25 de dezembro, numa manobra política para também promover o cristianismo ao qual ele acabara de converter. E só no século IV, que a Igreja Católica adotou a data para "cristianizar as festividades pagãs" As festas, nesta época do ano, já existiam para os romanos. Mas tinham uma relação com a data do solstício e com a Saturnália - festival em honra ao deus Saturno e que ocorria entre 17 e 23 de dezembro.
AS CAUSAS DA SÍNDROME DE FIM DE ANO
Pressão social; Expectativas não atendidas; Compromissos excessivos;
Preocupações financeiras; Balanço do ano que passou; Lembranças;
Frustrações e Lutos não elaborados.
ANTÍDOTOS
Reconhecer os seus limites e não se obrigar a participar de tudo;
Priorizar atividades ao ar livre durante o dia para aumentar os níveis de vitamina D, cortisol e dopamina;
Dedicação a um hobby, leitura de um livro ou assistir à sua série favorita;
Pensar sobre as conquistas, os planos que deram certo e as surpresas boas do ano que passou.
E POR FIM
Estabelecer objetivos e metas realistas também é uma estratégia positiva. “Se viu que não alcançou as metas que foram estabelecidas no ano anterior, está tudo bem, não precisa desanimar. Vamos estipular novos planos, mas sempre refletindo sobre o que você conseguiu entregar. Ter uma organização, mesmo que seja mental, é importante para todas as pessoas”, pontuou a psicóloga.
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