top of page
Buscar
Foto do escritorAntonio Jose Silva

COBAIAS HUMANAS REMUNERADAS

29/12/2024


PREAMBULANDO NA INDÚSTRIA DOS FÁRMACOS

Todo estudo clínico de uma nova droga precisa passar por quatro ou cinco fases, numeradas de zero a 4. E, mesmo antes disso, estudos pré-clínicos, feitos em células cultivadas em laboratório (os testes in vitro) e em animais (os in vivo), precisam ter demonstrado que a substância pode realmente produzir alguns dos efeitos ambicionados. Só aí começa o estudo com humanos.


AS COBAIAS HUMANAS

O problema é que esse estudo com humanos criou um ambiente para o aparecimento das cobaias profissionais – pessoas que decidem viver de participar em testes clínicos de fase 1. “Como esses estudos requerem uma quantidade significativa de tempo numa unidade de pesquisa, os voluntários usuais são pessoas que precisam de dinheiro e têm muito tempo livre: os desempregados, os estudantes universitários, trabalhadores temporários, ex-presidiários ou jovens que decidiram que testar drogas é melhor do que bater cartão com os escravos assalariados”, relata o médico e filósofo americano Carl Elliott, bioeticista da Universidade do Minnesota e crítico ferrenho dos meandros da indústria farmacêutica.


O LIVRO - COBAIAS HUMANAS REMUNERADAS

O livro em questão versa sobre cobaias humanas remuneradas, isto é, sujeitos humanos que desejam participar dos testes clínicos mediante contraprestação. A partir disso, constatou-se que o tema permanece sendo controverso e delicado, levando em consideração as implicações éticas, jurídicas e sociais que integram a origem dos testes clínicos. Assim, casos emblemáticos que violaram direitos humanos no século XX foram trazidos à baila para demonstrar o passado obscuro dos experimentos científicos naquela época. Contudo, questionou-se se com a transmutação social, política e econômica tal perspectiva tenha mudado, a ponto de permitir que uma pessoa seja remunerada ao participar dos testes clínicos, sem infringir preceitos éticos e jurídicos.


DAS COBAIAS ÀS PRATELEIRAS

O termo "cobaia humana" pode parecer retirado de um filme de ficção científica, mas a realidade é que todos medicamentos vendidos atualmente já foram previamente testados em seres vivos: primeiramente em animais e depois em humanos, antes de chegarem às prateleiras das farmácias. Mas como será que é emprestar um corpo, ainda vivo, para a ciência? É seguro? A remuneração financeira vale a pena? Como é o ambiente dentro deste tipo de centro clínico?.


COISA DE CAMPO DE CONCENTRAÇÃO NAZISTA?

Não exatamente. Eram 400 homens doentes, todos negros. Mas, para os cientistas que os observavam, eles valiam apenas como cobaias de laboratório. Os pesquisadores sabiam qual era a doença deles. Depois de algum, sabiam como curá-la. Apesar disso, negavam-se a dar o tratamento. Apenas registravam metodicamente a piora nas condições de saúde dos doentes. Enquanto isso, os homens morriam, um a um.

A pesquisa com 400 portadores de sífilis foi feita em Tuskegee, Alabama, Estados Unidos. Terminou em 1972, com uma denúncia da própria comunidade científica, depois de se arrastar por quatro décadas.


BASTAVA A PENICILINA

A penicilina era indicada como tratamento básico para a sífilis (caso acima) desde 1943. Em 1997, o então presidente Bill Clinton pediu desculpas àquela comunidade do Alabama. O Estudo de Sífilis de Tuskegee rendeu grande parte das informações que temos hoje sobre a doença, mas é consenso que foi um grande erro. Entrou para a história como exemplo de tudo que não se deve fazer em experiências médicas com seres humanos.


AFINAL, SOMOS HUMANOS OU RATOS?

Isso não quer dizer que as experiências com gente tenham sido abandonadas. Claro que não, nem se pensa nisso. Na verdade, elas são cada vez mais comuns, em um número crescente de países. Da próxima vez que for ao médico, você pode até ser convidado a participar de uma.

Afinal de contas, por que usar pessoas para entender doenças e testar remédios cujos efeitos nem conhecemos ?


20 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page